20 junho 2012

Entrevista para o jornal O Hoje: SIMPATIAS




Para você as simpatias tem efeito?

As simpatias são resquícios de uma consciência ancestral e primitiva, onde ainda havia um diálogo mais espontâneo entre nós e os símbolos.
Antigamente, antes da era da razão colocar a ciência e a lógica no pedestal da onisciência, toda uma gama de rituais e simpatias era usada para descobrirmos coisas secretas e conseguirmos nossos objetivos, contando com a fé, a esperança e os poderes psíquicos. A simpatia é uma atividade lúdica, uma brincadeira, mas que ativa nosso lado espiritual, pois esperamos que algo além da realidade material atenda os nossos pedidos. É claro que ela não deve ser levada tão a sério, mas vale à pena brincar, sem muitas pretensões. Devemos considerar que quando fazemos algum ritual, é como uma magia, uma oração. Expressamos nosso desejo para o universo. Este exercício da vontade é que realmente tem valor, pois colocamos em movimento nossos sentimentos alinhados com o poder do pensamento. E quando um desejo é intenso e sincero, desperta infinitas possibilidades de realização.


Porque as questões místicas são tão fortes entre as pessoas?


A ciência e a tecnologia nos trouxeram inúmeros avanços e vantagens inegáveis, mas também produziram desejos de controlar a natureza humana e a necessidade de provas empíricas para todo e qualquer fenômeno. No entanto, a necessidade de símbolos, metáforas, a comunicação com o invisível e os rituais de fé continuam intrínsecos em nossa natureza. Não somos apenas racionais. Somos constituídos de sentimentos, mistérios e alma. Também somos seres espirituais. Misticismo significa ter experiências diretas com o sagrado, independente de credos e religiões. Por mais que a razão nos explique quase tudo, sempre haverá verdades que a limitação de uma abordagem lógica jamais alcançará. E no fundo, os corações mais sensíveis sabem disso.


A vida seria possível sem essas simpatias, por exemplo, sem os acordos com santo Antônio?


A vida é possível de várias maneiras. Mas ela é mais agradável quando em saudável equilíbrio. Excesso de ceticismo causa depressão, vazio interior, solidão existencial e tédio. Excesso de crença pode causar fanatismo, rigidez, moralismo, imaginação mórbida, medos e fobias. Cabe a nós buscarmos um caminho que satisfaça nossos questionamentos e nos permita um diálogo tanto com os esclarecimentos da razão quanto com o conforto e a paz interior que a espiritualidade bem vivida proporciona.

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