19 janeiro 2007

ZERO


 
Às 00h00, tudo está escuro e mais um dia se inicia.
360° traçados pelos caminhos da arte.
Há muitos mais, é claro. Zero em espirais.

Há que se ter bons olhos para ver a arte.
Olhos que enxergam além da visão concreta,
olhos que sabem ver o conteúdo não expresso pela mão.
Uma volta completa ao redor das intenções já é suficiente para alcançar a visão plena.
O óbvio e as entrelinhas, a presença e a ausência.
 
Estamos tão orientados para o “ver”, para o “ter”, para a substância,
que nem sempre abrimos os olhos para perceber o conteúdo da ausência.
Quem poderia ignorar os buracos negros?
Seriam eles nada? Sim, o nada que é tudo.
Como o zero em aritmética.
 
O zero é mais que um número.
Zero é forma eterna, círculo sem fim, aliança.
É ausência de entidade e fonte de promessas.
Como o silêncio é a fonte e a condição do som,
o vazio é um vácuo vivo necessário para que haja a existência.
O consciência desse “nada”, amplia de maneira mágica a capacidade de pensar e concretiza o assombroso paradoxo de que o nada é realmente alguma coisa,
ocupa espaço e contém poder.

E como tem poder o número de Plutão!
Um zero à direita multiplica por dez seu parceiro.
Assim é o coringa da vida lúdica.
Aparentemente vazio e imprestável, transforma o um em um milhão.
Grandes e incompreensíveis acontecimentos nascem no segredo, na escuridão do nada que existiu primeiro, no mistério do zero.

A Serpente do Universo morde a própria cauda e une o ponto original com o infinito.
O início encontra o fim e o alfa encontra o ômega.
Nesta realidade impalpável, temos um mistério divino.
Depois da volta completa...
Em algum lugar entre o tudo e o nada, a verdade é vista com outros olhos.
Olhos bons para a arte.
 
O um é individual
O um inverso é o zero
O Zero é um inverso
O Zero é universal
Universo em desencanto...

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