27 janeiro 2007

Um estudo sobre a vida, a obra e o signo de Frida Kahlo.


À Frida Kahlo, que com sua arte multidimensional me introduziu ao Divino mundo da Mãe Natureza, das suas mais profundas entranhas ao mais sagrado mito da Lua no meio do Céu.
Tão real quanto surreal, sua linguagem é a mais pura tradução do coração. É bom compartilhar contigo essa visão cósmica do amor e da dor.
Sem dúvidas, um baluarte do Eterno Feminino!

Mapa Astral de Frida Kahlo
Observar a vida e a obra da artista plástica Frida Kahlo é como mergulhar nas águas primordiais do mito de Câncer. Nascida em seis de julho de 1907, Magdalena Carmen Frida Kahlo viveu e retratou intensamente todo seu amor, sua paixão e sofrimento.
Frida nasceu em Coyoacán, no México, mais precisamente na Casa Azul, residência que seus pais construíram em 1904. Aos seis anos de idade teve poliomielite e, apesar da fisioterapia, a perna direita e o pé esquerdo ficaram deformados para sempre. Mesmo assim, ela escreve em seu diário: “Minha infância foi maravilhosa”.
Apesar de nutrir sentimentos ambíguos pela mãe, descreve o pai como cordial e carinhoso. Foi ele quem a ensinou a usar uma máquina fotográfica que seria seu primeiro passo rumo ao mundo das imagens que em breve ela daria à luz.
 
No ano de 1925, ficou hospitalizada durante todo o ano, devido a um acidente automobilístico que lhe esmagou a coluna e fraturou a bacia. Foi no seu leito de repouso que começou a pintar. Através de espelhos, foi sua própria modelo e assim começaram os autorretratos que dominaram sua obra. Esta autoanálise levou-a a descobrir e experimentar tanto o seu próprio eu como o mundo à volta dele num nível novo e mais consciente.
Frida sofreu as consequências do desastre durante toda a sua vida e foi atormentada pela impossibilidade de ter filhos. Num período de quatro anos, sofreu três abortos. Suas pinturas exprimem os fardos que suportava sobre os ombros: uma grande dor física e o desespero que sua infertilidade lhe trazia.
 
Câncer é um signo feminino, regido pela Lua. Ele representa o poder criativo, o útero, a Mãe, os sentimentos arcaicos e as origens, assim como o universo colorido das imagens inconscientes. O fato de Frida, sendo ela uma canceriana, não ter tido filhos, parece um destino triste, porém necessário para que o significado mais profundo do mito pudesse manifestar-se em sua obra. Se não na forma de uma criança em carne e osso, na forma de criação artística.
Em um de seus quadros, chamado Os Meus Avós, os Meus Pais e eu, de 1936, Frida traça a história de sua descendência. A artista aparece como uma menina de mais ou menos três anos no quintal da Casa Azul onde nasceu. Ela segura uma fita vermelha que une seus pais, pintados acima dela, e seus avós maternos e paternos, por sua vez, acima de seus pais. Ela nos mostra sua existência pré-natal através do feto que se encontra no útero da mãe. A paisagem de fundo mostra-nos a terra (simbolizando os avós maternos que eram mexicanos) e o mar (representando os avós paternos que vieram da Alemanha).
 

Os meus avós, os meus pais e eu.
De onde venho?” A origem do mundo, da consciência, de si mesmo é um mistério que intriga os cancerianos. As origens, a família e o início de tudo são representados pelo signo de Câncer. Árvores genealógicas, retratos de família e raízes são temas constantes na obra de Frida, expressando assim, seu apego ao passado e seus fortes vínculos emocionais.

Amor materno
O primeiro amor de todas as pessoas é a própria mãe. Nas profundezas da alma esse vínculo será mantido, mesmo que não se tenha consciência disso. Frida sentia que sua mãe era fria e distante. Sua carência se intensificou pelo fato de não ter sido amamentada por ela. “A minha mãe não me podia dar de mamar por que a minha irmã tinha nascido apenas onze meses depois de mim. Fui amamentada por uma ama. Num dos meus quadros apareço com cara de mulher adulta e corpo de criança nos braços de minha ama, com leite à escorrer dos seios dela como se fosse dos céus”. A obra em questão é A minha Ama e Eu, de 1937:


Quando surge na tela acompanhada pelos vários animais de estimação, parece uma criança que dá e recebe carinho. Durante sua vida, teve gatos, papagaios, cachorros, macacos e até um veadinho. Todos surgiam nos seus quadros como substitutos dos filhos que nunca teve ou como símbolos e companheiros se sua solidão.
Os cancerianos vivenciam a unidade com a natureza sentindo-se parte dela. Esta comunhão com o natural, desperta um grande amor pelas plantas, pelos animais e por florestas, rios, campos e mares.
Frida sempre pintava ambientes naturais: O Sol, a Lua, flores e folhas típicas do México e muita água, seja em forma de lagos, de chuvas ou em forma de lágrimas. “Da água vem a vida” e, sendo o primeiro signo da tríade do elemento água, Câncer é profundamente guiado por suas marés interiores.
O amor por Rivera

Não se pode escrever sobre Frida Kahlo sem mencionar seu marido e grande amor: Diego Rivera, um dos maiores pintores mexicanos da época. Ele também foi um tema constante em seus quadros, aparecendo ao seu lado (Frida e Diego Rivera, 1931), na sua testa (Diego no meu pensamento, 1943), e em simbiose formando um só rosto, como está expresso no Retrato Duplo Diego e Frida, de 1944.

 


Frida adotava frequentemente, um papel maternal para com o marido e afirmava que “as mulheres em geral querem, acima de tudo, tê-lo nos braços como um bebê recém-nascido.” Para a artista, porém, o marido era muito mais que seu filho que não chegou a nascer. No quadro O Abraço Amoroso entre o Universo, a Terra (México), Eu, o Diego e o Senhor Xolotl, de 1949, ela se consagra como baluarte de eterno feminino, representando as várias dimensões da fonte da vida, do grande ventre cósmico, da Mãe de todas as coisas. Câncer representa este ventre materno, este manancial divino de onde tudo vem e para onde tudo vai. O início e o fim da vida. Nesta obra, tudo é Sagrado.
 

O Abraço Amoroso entre o Universo, a Terra (México), Eu, O Diego e o Senhor Xólotl
Vida e Morte são inseridas, de igual modo, na concepção harmoniosa do mundo da artista. A tela contém elementos da antiga mitologia mexicana que representam esses princípios duais, como, por exemplo, a deusa Cihuacoatl, que aparece abraçando o casal e com o seio a pingar leite. É ela que gera todas as coisas e também as devora. Essa idéia nasce da observação dos ciclos da natureza, onde tudo está sempre nascendo, morrendo e renascendo. 
 
O cãozinho que aparece dormindo nas mãos da noite é Xólotl, o guardião do mundo inferior. Em várias mitologias, o cão de guarda, como guardador do inferno, é familiar. Ele aqui simboliza a sabedoria instintual domesticada e a naturalidade da morte.
Para os mexicanos a morte é entendida como um processo, um caminho ou uma transição para uma vida de outra espécie. Os antigos diziam que os homens, quando morriam, não desapareciam, mas começavam a viver de novo, como se despertassem de um sonho. Na morte, os corpos são enterrados simbolizando o retorno ao útero da terra onde, renascidos, podemos emergir para um novo ciclo de vida.
 
O signo de Câncer representa o local de onde viemos e para onde vamos, o ponto em comum entre a vida e a morte. Como apenas uma linha tênue divide as coincidências e o destino, Frida mais uma vez representou seu mito particular, quando no mesmo mês e local em que nasceu, morreu, em 1954, no mês de julho, na Casa Azul.
 
“Espero a partida com alegria... E espero nunca mais voltar... Frida.”

Bem, assim são os cancerianos...
Difíceis de entender pela lógica, hipersensíveis, lunáticos, imaginativos.
Tradicionais, cultivam os hábitos, a cultura, as origens e valorizam o lar.  
Homens ou mulheres, mães zelosas ou artistas excêntricos, sempre sentimentais!

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