16 fevereiro 2010

ENTREVISTA

Larissa Siqueira por Mirelle Irene, 2003.


Por que estudar os astros?

Porque um astrólogo disse que estava no meu destino! (risos)
Na medida em que buscamos por respostas e vamos ampliando nossa consciência para compreendê-las melhor, os segredos do universo vão se revelando para nós. Desde bem nova, eu tive uma espécie de percepção instintiva das correntes de força que regem o universo. Não é uma questão de acreditar, é de sentir, de saber. Estudar os astros é entrar em contato com esse esquema superior. Tudo, desde cada planta, cada pessoa e cada planeta, está unificado e em sintonia. Saber disso é como cair na real e depois subir a escadaria para o Céu.

Astrologia: utilidade ou futilidade pública?

Os dois. Com o tempo a astrologia vem reconquistando seu lugar nas profissões de aconselhamento, mas ainda luta para ser aceita em uma cultura onde a ciência, a tecnologia e a matéria aprisionaram a alma humana. Enquanto esta sabedoria ancestral vem tentando derrubar os preconceitos intelectuais e se expressar como a “arte sagrada” de interpretar os desígnios da vida, ela fica sujeita às deturpações dos oportunistas e à popularização do seu significado. Com certeza, o que é útil na astrologia é, e sempre será, um mistério para quem se contenta com o fútil.

Para vocês, astrólogos, onde está o limite entre a superstição e a Astrologia?

No bom senso. Nossa mente é muito poderosa e somos criaturas sugestionáveis, por isso, o discernimento é muito importante para separar o que é delírio e alucinação do que pode apenas ser uma metáfora para nosso mundo interior. Da mesma maneira que uma semente de maçã “sabe” que está destinada a se tornar uma macieira, há uma parte em nós que sabe o que poderemos nos tornar. A Astrologia não é uma crendice como muitos pensam. Ela é uma sabedoria, portanto a superstição não lhe cai bem.

O que está escrito nas estrelas pode ser mudado? Ou o homem é escravo de seu destino?

Quando uma pessoa nasce, a posição dos astros neste momento é revelada pelo mapa astral. Este mapa mostra um certo padrão de “carma” e tendências emocionais, mentais e físicas. Porém, as circunstâncias que esta pessoa irá enfrentar, serão programadas por aquilo que ela expressar. Você recebe de volta aquilo que põe para fora. O mundo é um espelho e há um ensinamento que diz: DESTINO = CARMA + LIVRE-ARBÍTRO. Os astros não escravizam, eles conduzem. Segue sua estrela quem quiser.

Na análise do mapa natal, quais os sinais do destino mais importantes determinados pelos astros?

Os Trânsitos por exemplo, mostram onde os planetas estão agora no céu, em relação ao lugar em que estavam no dia do nascimento. Em certos momentos propícios, estas posições costumam “acionar” uma área determinada de nossa vida. Estes acontecimentos são a manifestação sincrônica no mundo exterior, de mudanças internas que estão acontecendo. Estas “coincidências” nos fazem sentir a mão do destino.

Qual a responsabilidade do astrólogo na interpretação astrológica?

Ele deve traduzir e explicar o conteúdo do mapa astral e então conduzir o cliente na sua busca de significado. A Astrologia pode ser encarada como um sistema de símbolos, como uma mitologia particular usada para o autoconhecimento. Nós astrólogos, devemos direcionar as pessoas que estão em busca de seu mito pessoal e aconselhá-las sobre como usar plenamente seus potenciais e recursos.

Você acredita em Guru? Por quê?

Podemos ter grandes mestres e professores nessa vida, mas o maior Guru de todos os tempos é a nossa voz interior! Para quê procurar fora, o que temos dentro de nós?

Qual a sua opinião sobre a eterna briga entre religião, ciência e astrologia (e outras práticas esotéricas) como detentoras das respostas sobre as questões humanas?

Elas refletem os vários níveis de esclarecimento em que se encontra a nossa espécie. A busca pelo conhecimento, pelo espiritual e pela evolução, é uma jornada particular repleta de desafios e de escolhas. Para enxergar um vislumbre do nosso caminho, de certa forma precisamos dessas divergências de pensamento, de religiões e de ateísmos. A liberdade plena implica a capacidade de escolher a perspectiva que alimenta nossa alma. Penso também que aqueles que fogem da ignorância, não estão por aí pregando fanatismos, inventando verdades absolutas, almejando ser Deus em laboratórios, ou recrutando o mundo inteiro para suas crenças particulares. Cada um merece o Deus que escolheu para si. Por isso concordo com o poeta Fernando Pessoa: “O futuro é sermos tudo (...). Criemos assim o Paganismo Superior, o Politeísmo Supremo! Na eterna mentira de todos os deuses, só os deuses todos são verdade!”.

Você começou a estudar e a praticar a astrologia muito cedo. Já enfrentou algum tipo de preconceito por ser uma astróloga tão jovem?

Até hoje não. Apesar de já estudar a Astrologia há nove anos(comecei aos 15),tenho certeza que sou apenas uma aluna aplicada e faço questão de deixar isso bem claro. Em se tratando da Astrologia, estamos sempre em constante aprendizado. Eu acredito em talentos precoces, mas mestres aos 20,pessoas que nascem sabendo, gente que sempre jura e nunca pergunta... pra mim é furada, não me convencem mesmo. O tempo é um valor que Saturno me ensinou a valorizar e sei que em alguns anos terei muito mais experiência, mas como ofereço o que já sei com humildade, as pessoas sentem que realmente tenho algo interessante a compartilhar.

O interesse pela astrologia parece estar aumentando. Em busca de respostas para seus problemas, a humanidade se pergunta: a tão esperada Nova Era já começou?

Quem ainda não sentiu? (risos)

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