23 julho 2010

QUADRANDO O CÍRCULO

Dia 07 de agosto de 2010 haverá uma configuração super especial!
Ver um desenho de uma Grande Cruz se formar em um mapa astral é sempre relevante. Não há como passar despercebido um aspecto tão raro, bonito e tão temido. O próprio desenho que forma é especial. Um grande quadrado, preenchido por uma cruz. Lados opostos sendo confrontados e ao mesmo tempo desafiados por ângulos de 90 graus despertam claro, a sensação de ser “crucificado”.
As oposições e quadraturas desencadeiam conflitos que suscitam antagonismos e discórdias provocando crises. No entanto, essas mesmas crises podem impulsionar a grandes realizações. Assim, se vencida a difícil tarefa, que é lenta e dolorosa, temos algo incomumente bem integrado.
Quando soube da vindoura configuração no céu de agosto, comecei a pensar em várias coisas que poderiam acontecer no mundo e com os seres terrestres. Certo receio invade... Pessoas pouco evoluídas, com muitos demônios internos, ignorância de sobra e instintos distantes da razão, costumam ser terroristas em dias assim. Mesmo sem a intenção consciente, são tomadas pela força do inconsciente coletivo e sem nenhum controle sobre si mesmas, incitam tragédias, cometem crimes, provocam acidentes atuando como porta vozes da sombra da humanidade.
Mundialmente, grandes estruturas obsoletas, formas de pensar ultrapassadas, modelos formados e rígidos, também costumam sofrer mudanças ou pelo menos serem forçados e questionados. O velho decai em nome do novo e a Terra na base de tudo manifesta por meio dos fenômenos da natureza suas insatisfações.
Tanta coisa pode acontecer... No entanto, não se pode pensar "Ai que medo desse dia". E ficar na janela (ou na TV) esperando notícias de acontecimentos consideráveis. Não é algo instantâneo, resumido, abracadabra!
Na verdade, é o ápice de um grande e lento processo. Cada planeta em seu tempo entrou nessa dança cósmica que culmina na Grande Cruz do dia sete de agosto e continuarão a seguir seu ritmo depois dela.
Por isso é melhor pensar no que vem acontecendo no planeta e em nossas vidas há alguns anos, pois algo caminha para grandes mudanças. Se estivermos conectados com as antenas cósmicas, seguramente estaremos respondendo às necessidades do universo e consequentemente aos seus desígnios para nossa vida individual.
Foi meio de repente, olhando para um Yantra que tenho em casa que a minha mensagem particular chegou. Alguma coisa me disse naquele momento que por trás da tensão típica dessa Grande Cruz, havia uma possibilidade única de vencer demônios, purgar medos e redimir maldições. Afinal, acabava de ver no Yantra, símbolo de perfeição, uma imagem similar à do céu astrológico: quatro lados, quatro portas da percepção envolvendo a esfera da plenitude.


Yantra
Não existe parto sem tensão. Contração e dor... Nova luz, novo algo, novo tudo. No núcleo dos paradoxos internos, a possibilidade de sintetizar novos poderes. Um Yantra é para os indianos um símbolo da perfeição divina. Usado em meditações, foi consideravelmente estudado por Carl Gustav Jung em suas pesquisas. Para ele e vários outros sábios, a divindade era mais que trina. Qualquer concepção simbólica de totalidade e equilíbrio psíquico pressupõe quatro partes formando o verdadeiro elemento sagrado.
Nos estudos da alquimia, por exemplo, o milagre da auto compreensão, a união harmoniosa da verdade terrena e da celeste, dos quatro elementos na psique humana, chama-se
“a quadratura do círculo”:
Santíssima Quaternidade!
Uma oportunidade de tentar compreender a perfeição da esfera...
Observando os planetas envolvidos, temos os quatro signos cardinais ligados entre si, um de cada elemento: Áries (fogo), Libra (ar), Câncer (água) e Capricórnio (terra).
No momento fugaz da grande cruz, eles se tocam, ativando forças únicas, no entanto, a oposição entre áries e libra, marcada por vários planetas, alguns de órbita bem lenta, confere uma manifestação mais potente e especial no eixo desses dois signos.
Saturno entrou em libra há algum tempo, voltou para virgem em movimento retrógrado e agora, desde o dia 21 de julho, segue novamente em libra, aonde em breve chegarão Marte e Vênus. Ali estará até 05 de outubro de 2012. Quem tem o Sol, a Lua, o ascendente ou mesmo algum aspecto considerável nesse signo já deve ter sentido alguma pressão.
Saturno questiona, duvida e faz demorar. Saturno aperta, petrifica, força a barra. Foi considerado o “diabo” na antiguidade e também um velho sábio no despertar da psicologia profunda. Seu metal é o chumbo e ele pega pesado, mas faz crescer. Ele passa a foice na futilidade, logo, não é muito querido pelos frívolos, mas mesmo os mais introvertidos e auto exigentes já pediram um momento de descanso para o pai da alquimia interior.
Em Libra, signo onde se encontra exaltado (ou no auge do seu poder) trabalha para recriar as relações, aumentar ou diminuir as dependências mútuas de acordo com necessidades cármicas, criar novas bases mais sólidas e independentes. No entanto, é o planeta dos anéis e alianças e quer sim que haja relações, mas apenas as que merecem sobreviver por serem verdadeiras e honestas. E as interpretações seguem...
Não existe um basta para o poder dos arquétipos, só ampliações.
Marte e Vênus chegarão também, para dar força e mais poder.
Enquanto isso, do outro lado da questão...
Áries, signo da ação individual, de atitude e grande impaciência, recebe Júpiter, um antigo inimigo de Saturno, e Urano, outro planeta que representa princípios bem diferentes do austero e antiquado senhor da foice. Júpiter é o grande, o maior, a força dos instintos, a fé, a sorte e o conhecimento. Ele é otimista e ensina por prazer, mas gosta de exageros. Urano é rebelde e prefere sempre o novo, o inédito, a modernidade e até o bizarro. Sua manifestação é repentina. Rapidez e revolução fazem parte do seu estilo visionário de ser. O que eles querem? Também estou procurando entender. São energias muito diferentes duelando entre si e nós no meio de tudo.
Mas que nada, hay que sentir!
Nas outras duas pontas, temos Plutão em Capricórnio e a Lua em Câncer.
O eixo da família, pai e mãe e tudo o mais que representam estará sendo acionado. O mundo do pai, simbolicamente também é o mundo das conquistas profissionais, da razão, da independência. O mundo da mãe representa o descanso, a natureza emocional, a fuga da dura realidade. As ligações parentais são fortíssimas e nos definem em vários níveis. Quem somos nós além desse referencial é uma boa pergunta para esses dias.
Até onde já somos nós mesmos além dessas influências?
Quão independentes?
Fortalecer o que de melhor recebemos deles e tentar ultrapassar as influências negativas e possíveis traumas é o desafio.
Até onde já somos nossos próprios pais e mães?
Uau... Questão para uma vida inteira.
Os quatro elementos juntos, ligando dois eixos: o da consciência entre EU e o OUTRO e o eixo familiar, MÃE e PAI, origem e destino no mundo. Planetariamente, um drama cósmico.
Também pode nos vir à mente aquela velha história do equilíbrio entre os quatro elementos, tão famosa em literatura e cinema fantásticos. Como controlar os elementos, cada um com suas características arquetípicas, chegando assim no poder e magia do quinto elemento? Mais que armas químicas, explosões de planetas e lutas perfeitas e impossíveis, para compreender a essência do éter, do amor ou ainda, da quinta essência, existe um trabalho lento e interno de alquimia e sim, de magia. Mas como a projeção de verdades internas e sutis para o exterior predomina, deve-se ser um verdadeiro herói para perceber a real aventura e seus desafios...
Considerando que o planeta Vênus, regente do ano, também é o regente do quinto elemento... Há uma forte presença de energia feminina no astral. Como ainda há muito a ser elaborado e evoluído em relação às mulheres no mundo, infelizmente a maioria dos acontecimentos de repercussão são trágicos. Por exemplo, na mídia, vários crimes passionais explorados ao máximo. Mulheres sendo caladas por seus amantes com a morte. Até hoje, anos depois da caça às bruxas, o feminino continua subjugado e menosprezado.
É impressionante como onde não há cultura o machismo impera. É alucinante que tudo o relativo ao feminino ainda seja um fator da sombra coletiva. A evolução parece mesmo uma ilusão às vezes. Enquanto homens xucros massacram o feminino, essa força natural e coletiva renasce mais forte em outros seres, pode apostar.
Abrindo espaço para elucubrações... Alguém imagina o que as bruxas e os gays têm incomum? Por que normalmente se dão super bem? Além de abominarem o preconceito, eles se encontram no coração do Eterno Feminino, lá onde existem forças demasiado poderosas para se ignorar. Também não é coincidência que a maioria deles seja culta, inteligente, sensível e valorizem tudo que exalte a sensibilidade humana. Também existem homens heterossexuais com essa capacidade, obviamente. São raros, há de se admitir. Geralmente foram criados por mulheres fortes e sábias ou nasceram com um poder de alma e de conhecimento especiais, mais evoluídos e inteligentes que seus irmãos limitados e primatas.

Riding Witches by Otto Goetze

Pensando sobre a aniquilação do feminino e suas origens, me lembro de um dia, quando assistia a um seminário de xamanismo em Barcelona, onde vários antropólogos, xamãs e cientistas especialistas em plantas enteógenas falavam coisas sábias e maravilhosas sobre as forças da natureza. Então, perguntaram ao senhor Jonathan Ott - um etnobotânico que há anos estuda os hábitos sagrados dos índios - qual era o grande mal do mundo, o que teria acabado com aquela antiga plenitude já que antigamente tudo era tão equilibrado e em simbiose natural com o sagrado. Ele respondeu curto e grosso:
A igreja.
Nesse momento, houve uma gargalhada incontida que preencheu a sala cortando drasticamente o silêncio. Algo assim... Debochado.
Alguém adorou aquela resposta. E como tinha sido eu mesma, só pude me retrair timidamente enquanto a sala inteira me encarava e o senhor, risonho, me lançava um olhar feliz, de quem havia sido mais que compreendido.
Gostei tanto de ouvir aquilo que realmente não pude conter o riso. Foi meu lado bruxa, que naquele dia além de horrorizar os polidos europeus, também quis sair de preto em luto pelos homens mágicos do passado que adoravam a natureza como a deusa mãe. E também porque adora preto mesmo...
Sim foi a igreja. E foi ela também que consagrou a trindade como santíssima. Pai, filho e espírito santo. A mulher como fêmea, o corpo e a natureza ficaram de fora... Nada disso era sagrado para eles. Pode-se falar de Maria... Então a mulher existe para a maternidade, para a pureza e a virgindade? Existe para servir e interceder? Que conveniente esse formato inventado e mutilado do feminino. É de alucinar como era interessante para os puritanos afastar as mulheres dos seus centros de poder! Logo, os princípios renegados receberam o nome de pecado e se calaram para sempre, não é mesmo? Não, ganharam força nas sombras e foram chamados de DIABO. Aí está o quarto componente.
Em nome do pai, do filho, do espírito santo... E do feminino reprimido!
 
Incluir a natureza como deusa e reconhecer a santíssima quaternidade é começar a compreender a plenitude do corpo e da alma no planeta terra. A realidade densa e telúrica do planeta em que estamos encarnados também faz parte do conjunto, assim como a presença do Eterno Feminino e sua importância real.
A evolução da trindade para algo mais completo é um processo lento que se realiza ao longo dos séculos. Durante milênios a consciência coletiva trabalha nesse sentido. Perceber é uma questão de capacidade e vontade.
Teremos em breve uma configuração planetária mágica. Buscar saber quais serão os mitos particulares que elas poderão despertar individualmente é um primeiro passo. Quais os arquétipos da sua configuração natal? Onde esses quatro signos tocam seu mapa astral? Poucos sabem, poucos se importam. Porém, mais importante que ter a consciência e saber exatamente o que cada planeta significa ali, é estar aberto às mudanças, ter vontade de evoluir, sentir as conexões no ar, aprender a ver o óbvio e fluir com o universo.
É combater a própria ignorância com a luz do conhecimento e com a coragem de se reinventar. É livrar-se de preconceitos e de necessidades de aprovação social. Caretice é doença forte. Mata lentamente e contamina os outros ao redor.
O universo dança, segue seu percurso e tudo muda o tempo todo. Não mudar é perder o bonde para os novos tempos. E eles não vão chegar amanhã ou dia sete de agosto. Eles já estão aí. Na verdade sempre estiveram. Prontos para se revelar para as mentes mais brilhantes, insatisfeitas com a falta de luz.
No dia da Grande Cruz, só quero refletir sobre a divindade do número quatro, afinal, serão quatro signos unidos em um grande quadrado. Quero estar aberta para as vibrações do éter alquímico e lapidando minha pedra filosofal o mais redonda possível...
Espero estar em paz e tranquilidade, com velas perfumadas para minhas entidades femininas e meu Yantra vibrando plenitude em ressonância com o Universo.
Maktub!
 

“O eterno feminino nos eleva"
Final da segunda parte de Fausto
GOETHE

Um comentário:

Sandra Gonçalves disse...

É preciso mais do observar uma grande cruz no céu, é preciso compreender como funcionam as quadraturas entre os propósitos reoresentativos dessas posição no céu para a Astrologia Mundial. Saturno não será jamais o limitador,Ele mesmo rege Aquário, Urano também cristaliza por ser signo fixo. A maioria dos curiosos falam sobre um grande posicionamento no céu ,mais especulando que traduzem o aspecto frente ao que foram anteriores e diante do momento que vivemos outros trânsitos . O povo adora chamar atenção do fato em manchete,bem sagitarianamente, mas pouco fala do que reverte outras coisas menores que podem fluir para o bem.
O céu apenas descreve o que aqui em baixo se passa.
Beijos
San